Tuesday, October 31, 2006

Contra-argumentação: Lula não

O amigo Diego postou uma resposta - no espaço destinado a mensagens referentes ao post "Artigo de Francisco de Oliveira" - que merece vir para o centro de debate. Reproduzo aqui ele escreveu.


Parece escusado explicar uma cousa de si tão simples e intuitivamente compreensível. Sucede, porém, que a estupidez humana é grande, e a bondade humana não é notável.“
Fernando Pessoa

Clayton,

Antes de mais nada, parabéns. Seu post do artigo do Chico de Oliveira conseguiu gerar uma grata polêmica. Com a citação acima quis apenas alertar para a “bondade” de meus propósitos... eu, particularmente, trocaria a palavra “estupidez” – que pode vir a ser considerada como agressiva e vulgar - por “persistente cabeçadurismo”. Mas, quem sou eu pra corrigir o poeta?
Não sei se você se lembra, mas poderíamos considerar esta polêmica como uma continuação de uma conversa que começou pouco antes da eleição presidencial de 2002 em um boteco de quinta categoria que fica perto do Sesc Lapa - local onde fomos mais uma vez massacrados em uma partida de futsal por uma equipe adversária (aliás, que novidade...). Já naquela época – e isso é bom que fique claro pra que não me acusem de oportunista agora – eu te dizia que o governo Lula não mudaria em nada nosso País e, baseava minha afirmação no que se deixava entrever na famigerada “Carta ao povo brasileiro” que o dito cujo havia publicado pouco tempo antes da eleição.
Você conhece um pouco de minha história pessoal, por isso não vou aqui querer estabelecer um debate sobre quem militou mais, quem tem mais história de luta, quem é de esquerda, quem age e quem fica parado. Esse tipo de adjetivação serve sempre a quem não tem conteúdo político, nem ideologia sólida para basear suas posições. Mas como vi que alguns posts quiseram descambar pra esse lado deixo a possibilidade de entrar em contato comigo (vc tem meu e-mail) e, com prazer, contarei uma ou outra historinha que acumulei em alguns anos de vida (felizmente não muitos, porém bastante profícuos).
Entrando no tema do debate em si, fiquei pensando como poderia deixar mais clara a minha posição. Como explicar o voto nulo no segundo turno? Como dizer a quem se diz de esquerda que é errado votar no Lula? Como contar que tanto PT como PSDB tem um programa social-democrata? Passei esta tarde pensando nisso, até que me lembrei que sempre é bom recorrer aos clássicos. Sou do tempo em que ser de esquerda significava ter um mínimo conhecimento de Marx, Engels, Lênin, Trotsky, Gramsci, Guevara, entre outros que eu considero verdadeiramente grandes.
Pesquisei um pouco e não precisei chegar tão longe para encontrar uma boa defesa de minha posição. Portanto, segue abaixo a transcrição de parte de uma carta de um eminente esquerdista brasileiro que explica bem a minha posição. Mas, advirto: apreciem com moderação...


[...] Nem o presidente nem muitos dos que estão nos ministérios nem outros que se elegeram para a Câmara dos Deputados e para o Senado da República pediram meu voto para conduzir uma política econômica desastrosa, uma reforma da Previdência anti-trabalhador e pró-sistema financeiro, uma reforma tributária mofina e oligarquizada, uma campanha de descrédito e desmoralização do funcionalismo público, uma inversão de valores republicanos em benefício do ideal liberal do êxito a qualquer preço [...], uma política de alianças descaracterizadora, uma "caça às bruxas" anacrônica e ressuscitadora das piores práticas stalinistas, um conjunto de políticas que fingem ser sociais quando são apenas funcionalização da pobreza --enfim, para não me alongar mais, um governo que é o terceiro mandato de FHC. (Agora o quarto!!!)*

[...] há transformações estruturais na posição de classe de um vasto setor que domina o PT, que indicam uma real mudança do caráter do partido. E, como posições de classe não se mudam com simples mudanças de nomes ou de conjuntura ou de melhoria de alguns indicadores econômicos, considero que o governo Lula está aprofundando a chamada "herança maldita" de FHC e tornando-a irreversível.

[...]O PT trocou a hegemonia que se formava por um amplo movimento desde a ditadura, no qual o próprio partido tinha lugar e função central, a direção moral que reclamava transparência, separação das esferas pública e privada, fazia a crítica do neoliberalismo, organizava os trabalhadores, incluía os excluídos, indicava o caminho do socialismo, pelo prato de lentilhas da dominação.
O PT no governo é um prolongamento da longa "via passiva" brasileira, a expansão do capitalismo da exclusão, a repetição do mesmo, desde o aliancismo desembestado até as políticas dos tíquetes do leite. O PT é hoje o partido de centro no espectro político brasileiro, junto com aquele que escolheu como irmão, o PSDB: se odeiam, mas são irmãos. E o pior é que não sabe disso. Pensa que está reformando o país.

Francisco de Oliveira,
Especial para Folha de S.Paulo, 14/12/2003


Acho que está tudo dito.
p.s.: Parafraseando um outro sociólogo da USP, o artigo do Francisco de Oliveira que o Clayton publicou no seu blog deveria ser chamar 'Esqueçam o que eu escrevi'.

* nota deste humilde polemista...

11:47 AM

Emir Sader e a reeleição de Lula



Como uma pitada polêmica faz bem para a alma e rejuvenesce o coração – basta ver o que as mensagens de ontem provocaram –, PONTO DE FUGA dá mais uma ajudinha para esquentar essa terça-feira reproduzindo um texto publicado originalmente no Blog do Emir, no domingo dia 29 de outubro, dia eleição.

Professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP e coordenador do Laboratório de Políticas Públicas da UERJ, Emir Sader é um daqueles intelectuais que conjugam reflexão teórica com a participação ativa nos grandes debates a respeito do Brasil e do mundo. Extremamente crítico em relação aos rumos seguidos pelo governo Lula, Emir – intelectual de esquerda – não mudou de lado nesta eleição. No texto reproduzido logo abaixo ele explica os motivos.


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29/10/2006
O direito à festa e à luta
Há exatamente quatro anos atrás comemorávamos – tantos de nós na Avenida Paulista, outros tantos pelo Brasil afora e para além daqui -, finalmente a vitória de Lula, a vitória do PT, a vitória da esquerda. Nos encontrávamos com tanta gente que colocava para fora, nas lágrimas, nos gritos, tanta coisa reprimida, que vinha de longe: da lembrança dos companheiros que não puderam comemorar aquilo conosco às frustrações acumuladas de ver o país ser despedaçado pelo governo que terminava – finalmente – derrotado naquele dia.

Comemorávamos, mas com um travo amargo na garganta. Sabíamos que era o nosso governo, mas alguma coisa nos escapava ali. Ganhávamos, fechávamos o governo FHC com sua derrota – o mais importante naquele momento -, mas se desenhavam sombras sobre a vitória, que indicavam que ela nos escapava. Da “Carta aos brasileiros” ao “Lulinha, paz e amor”, de Duda Mendonça a Palocci e – confirmando tristemente as sombras, a Henrique Meirelles -, mais do que algo nos apontava que a nossa vitória não era necessariamente nossa vitória, a vitória da esquerda, a vitória do anti-neoliberalismo, a vitória do “outro mundo possível” pelo qual estivéramos lutando tanto tempo.

Havíamos lutado contra as privatizações, havíamos lutado contra as (contra) reformas neoliberais, de menos Estado, menos políticas sociais, menos regulamentação, menos direitos trabalhistas, menos empregos formais, menos soberania, menos esfera pública, menos educação pública, menos cultura pública. Havíamos luta contra a cassação de direitos dos trabalhadores, dos aposentados, dos trabalhadores sem terra, das universidades públicas, da saúde pública. Havíamos resistido e naquele dia sentíamos que, apesar de tudo o que se havia dilapidado do país, havíamos derrotado ao projeto neoliberal de FHC, havíamos triunfado.

O dia da posse e do discurso de Lula em Brasília pareciam o ponto de chegada de mais de uma década de lutas de resistência, em que o Brasil se havia tornado depositário das esperanças da esquerda de todo o mundo. O Brasil de Lula, do PT, do MST, da CUT, de Porto Alegre, do orçamento participativo, do Fórum Social Mundial.

Nossas desconfianças se confirmaram com mais rapidez do que supúnhamos. Henrique Meirelles, manutenção da taxa de juros, superávit fiscal – eram pontas de iceberg mais profundo: a manutenção do modelo econômico herdado de FHC. Primeiro, chamado de “herança maldita”. Que não foi desembrulhado como pacote, para mostrar o Brasil desfeito e refeito como Bolsa de Valores nas mãos dos tucanos-pefelistas, o Brasil da privataria na educação e na cultura, do maior escândalo da história do país com a privatização das estatais – saneadas com o dinheiro público do Bndes, para em seguida ser vendida a preços de banana de novo com recursos públicos do Bndes.

Em nome da superação dessa “herança” nos foi empurrada uma (contra) reforma da previdência, que desatou um fatal desencontro entre os movimentos sociais e o governo, porque assinalava um caminho de “reconquistar a confiança do mercado” às custas de direitos sociais dos trabalhadores. O nosso governo fazia o que chegou a ser dito que fazíamos “o que FHC não tinha tido coragem de fazer” – sem dizer que era porque não teve força, pela resistência que nós lhe opusemos.

Não demorou para que o modelo – primeiro chamado de “herança maldita” – fosse perenizado, com a manutenção das taxas de juros reais mais altas do mundo, com um superávit fiscal mais alto que o definido pelo FMI, com a ditadura dos “contingenciamento” de recursos pela equipe econômica, que passou a ter o poder de definir quantos recursos iriam (ou não iriam) para as políticas sociais, qual o aumento possível do salário mínimo e tudo o mais que deveria ter sido a referência central do governo, se fosse para cumprir a “prioridade do social” para o qual tinha sido eleito.

Logo se perpetuou o modelo, logo se afirmou que ela era o melhor, se agradeceu em abraço ao antecessor de Lula pela herança - a partir dali rebatizada de bendita - que havia deixado e se afirmou que “dez anos eu tivesse, dez anos manteria este superávit fiscal”. Acompanhava-se um discurso desmobilizador, de auto-complacência, que não apontava quais eram os adversários, os que haviam produzido o pais mais injusto do mundo, que levou Lula à presidência para redimi-lo e não para perenizá-lo.

Nunca sentimos tanta amargura. Porque uma coisa era ver o país ser despedaçado pelos que nos haviam derrotado, outra era ver uma equipe no Banco Central completamente alheia a toda a tradição dos economista do PT se dar o direito de predominar sobre o que notabilizou o PT – suas políticas sociais. Outra coisa era ver grandes empresários fazerem predominar seus interesses agro-negocios-exportadores, de disseminação dos trangênicos, sobre os sem terra, a reforma agrária, a economia familiar, a auto-suficiência alimentar no nosso governo. Outra coisa era ver as rádios comunitárias serem reprimidas em lugar de serem incentivadas, a imprensa alternativa sobreviver a duras penas, enquanto o governo continuava a alimentar os grandes monopólios anti-demcráticos da mídia privada. Outra coisa era ver os softwares alternativos serem subestimados ou descartados em favor dos grandes lobbies das corporações privadas. Pelo nosso governo.

Foi duro, foi muito duro. Talvez tivesse sido mais fácil – se tudo fosse pensado do ponto de vista da biografia individual de cada um – ter rompido, ter ido embora, ter dito tudo o que o governo merecia ouvir, com todos os tons e sons. Mas teria sido dizer que tínhamos sido irremediavelmente derrotados, que tudo o que tínhamos feito nas décadas anteriores tinha desembocado numa imensa derrota. Teria sido abandonar as trincheiras de luta que tínhamos construído com tanto esforço e sacrifício.

Dava vontade. Em certos momentos teria sido muito mais fácil deixar correr solta a palavra, aderir à teoria da “traição”, refugiar-nos nas denuncias e abandonar a possibilidade de construir uma alternativa concreta.

Como se não bastasse tudo isso, vieram os “escândalos”: Waldomiro Diniz, Roberto Jéferson, “mensalão”, “sanguessugas” – cada um como uma nova estaca no nosso coração. A imagem ética do PT, construída como a menina dos nossos olhos era revertida. Nos tornávamos o partido dos “maiores escândalos da história do país”. A palavra “petista” passava a ser revestida de uma desconfiança de “corrupção”. Nada de pior poderia acontecer a um partido que tinha nascido, crescido, se fortalecido e se tornado vitorioso com as bandeiras da “justiça social e da ética na política”. Não éramos fiéis nem a uma nem à outra.

No entanto, não nos fomos. Ficamos. Seguimos tentando encontrar os fios para retomar o caminho de que nos havíamos desviado. Sabíamos que os grandes enfrentamentos ainda estavam por ser dados. Sabíamos que nossa política externa era a correta e se havia tornado essencial para o continente – agora povoado de governos progressistas, como nunca na história da América Latina. Sabíamos que nos podíamos orgulhar da Petrobrás – que quase havia se tornado Petrobrax nas mãos criminosas dos tucanos -, da autosuficiência em petróleo, de que uma das maiores empresas do mundo havia resgatado o Brasil da crise do petróleo através de uma tecnologia de pesquisa e extração de petróleo em águas profundas, com tecnologia nacional e pública. Sabíamos que a privataria na educação, que havia feito proliferar faculdades e universidades privadas como verdadeiros shopping-centers que vendiam educação como big-macs, havia terminado. Que se fortaleciam as universidades públicas, que passávamos a ter, pela primeira vez, políticas públicas de cultura, abertas à criatividade e à diversidade popular. Que Lula não era FHC, que o PT não era o PSDB. Que os movimentos sociais não eram mais criminalizados e reprimidos. Que a relação com a Venezuela, a Bolívia, Cuba, a Argentina, o Uruguai – era de irmandade e não de preconceitos de quem olha par ao Norte e para fora. Que a Alca tinha sido brecada e derrotada pela nossa política externa. Que o Brasil tinha sido o principal responsável pela reaparição do Sul do mundo no cenário internacional com o Grupo dos 20 e as alianças com a África do Sul e a Índia. Que as políticas sociais do governo, mesmo não sendo as que historicamente haviam caracterizado ao PT, mudavam, pela primeira vez o ponteiro da desigualdade – a maior do mundo, o maior desafio da história brasileira – no sentido positivo. Que nem que fosse por solidariedade com a grande maioria dos brasileiros – pobres, miseráveis, excluídos, discriminados, humilhados e ofendidos secularmente -, tínhamos que valorizar essas políticas sociais.

Ficamos também porque sabíamos que ir-se seria recair na velha e infértil tentação do refúgio no doutrinarismo – caminho justamente que o PT se havia proposta a superar. Seria retomar o velho circulo de Sísifo, interminável de avanços, vitória, “traição” e retomada da resistência. Como uma tragédia grega que havia condenado a esquerda a ter razão, mas ser sempre derrotada. A ter vergonha e desconfiança da esquerda que triunfa. Dos desafios que a construção de uma hegemonia alternativa coloca diante de nós.

Valeu a pena termos ficado, termos continuado na luta, termos acreditado que este é o melhor espaço de luta, de acumulação de forças, de construção de alternativas para o Brasil. Não porque tenhamos triunfado nas eleições . Claro que também por isso. Porque derrotamos o grande monopólio privado da mídia, demonstrando que é possível e indispensável construir formas democráticas de expressão da opinião pública, tirando-a das mãos oligopólicas das quatro famílias que se acreditavam donas do que se pensa no Brasil. Claro que porque derrotamos o bloco tucano-pefelista – e de cambulhada mandamos para a aposentadoria política a Tasso Jereissatti, a ACM, a Jorge Bornhausen, a FHC -, derrotamos a direita.

Mas principalmente porque recuperamos a possibilidade de construir um “outro Brasil” – caminho que parecia fechado em meio a tanto superávit fiscal, a taxas de juros exorbitantes, a tantas denúncias.

Recuperamos, especialmente no segundo turno, porque chamamos a direita de direita. Dissemos um pouco das desgraças que eles fizeram para o Brasil – finalmente abrimos o dossiê da “herança maldita”. Criminalizamos as privatizações, possibilitando que aparecesse à superfície a condenação majoritária dos brasileiros a um processo embelezado e sacralizado pela mídia e pelos arautos do grande capital privado dentro dela. Porque apelamos à mobilização popular, porque fizemos uma campanha de esquerda no segundo turno. Porque comparamos o governo deles com o nosso que, mesmo com todas as suas fraquezas, mostrou-se inquestionavelmente superior ao deles. Foi isso que triunfou. Triunfamos pelo que mudamos, não pelo que mantivemos. Ganhamos porque nos mostramos diferentes e não iguais a eles.

Comemoramos agora de novo, na Avenida Paulista ou em tantos outros lugares – antes de tudo nesses milhões de casas de beneficiários da Bolsa Família, da eletrificação rural, dos micro-créditos, do aumento do salário mínimo, mas principalmente os dignifica, ao se sentirem contemplados e representados. Nessas casas onde nunca se duvidou que este governo é melhor que todos os outros. Que nos deram a lição da tenacidade e da resistência contra as campanhas terroristas da mídia.

Comemoramos com o mesmo travo amargo na garganta, mas com esperança e com mais confiança. Comemoramos o direito de ter outra oportunidade. Comemoramos a força que conseguimos construir e reconstruir. Comemoramos o direito de sair da política econômica conservadora que impediu o crescimento econômico e poderia bloquear a extensão do crescimento social – caso perdurasse a ditadura dos “contingenciamentos” de recursos. Comemoramos o direito de banir essa maldita expressão – “contingenciamento” – do vocabulário político do governo.

Comemoramos o direito a reabrirmos espaços de luta e de esperança que nossos erros haviam ameaçado de fechar. Comemoramos porque conseguimos nos salvar de uma derrota que teria condenado a esquerda – e com ela, o país – a muitos anos de novos retrocessos. Comemoramos porque bloqueamos a possibilidade de regressões na América Latina e seguimos nos somando aos processos de integração. Comemoramos porque neste momento assinamos acordo com a Bolívia, demonstrando que o caminho do diálogo e do entendimento com os paises amigos é o caminho correto.

Não foi fácil manter a dignidade e a esperança, mesmo durante a campanha. Mas resistimos, com dignidade, até que triunfamos. E reconquistamos o direito à esperança. Principalmente no segundo turno, com uma campanha de esquerda, de reivindicar o Brasil que queremos, enunciando os inimigos de um Brasil justo e solidário – as forças políticas, midiática, econômicas: as elites tradicionais.

Ganhamos o direito a lutar, a lutar por um governo que finalmente promova a prioridade do social, seja um governo posneoliberal, trabalhe pela construção de uma democracia com alma social.

Comemoremos, porque merecemos a vitória, apesar dos nossos erros. Mas para estar à altura da nossa vitória, temos que fazer dela uma vitória da esquerda. Uma vitória que esteja à altura do emocionante apoio que o governo recebeu, ao longo de toda a campanha, dos mais pobres, dos mais marginalizados, dos que constituem a grande maioria dos brasileiros, dos que trabalham mais e ganham menos. Dos que souberam, como ninguém, resistir à enxurrada de propaganda que a mídia despejou sobre todos. Fazer do novo governo, antes de tudo o governo deles. De todos os brasileiros, mas sobre tudo dos que sempre foram marginalizados, excluídos, reprimidos, que sempre viveram e morreram sobrevivendo, no anonimato, no silêncio, no abandono.

Comemoremos, mas juremos nunca mais deixar que o nosso governo se desvie do caminho do desenvolvimento econômico e social, das políticas de universalização dos direitos, de democratização da mídia, de socialização da política e do poder. Nunca mais aceitarmos que o nosso governo se confunda com o governo dos outros, faça e diga o que os outros disseram e nos legaram a “herança maldita”.

Comemoremos e retomemos a luta, em condições melhores, por um “outro Brasil possível”, que está ao alcance de nós, do governo, do PT, da esquerda, dos movimentos sociais, da intelectualidade crítica, das militância política e cultural. Dessa luta depende o segundo governo Lula, que conquistamos com muito sofrimento e tenacidade.

Soubemos dizer “Não à direita”, saibamos dizer “FHC nunca mais”, saibamos construir a “prioridade do social”, saibamos derrotar a direita em todos os planos, saibamos construir um Brasil justo, solidário, democrático e humanista. Para voltarmos a comemorar daqui a quatro anos, sem travos amargos, sem desconfiança, com o coração e a mente orgulhosos do país que soubemos construir.

* Para acessar o Blog do Emir, clique aqui

Monday, October 30, 2006

Artigo de Francisco de Oliveira

Texto publicado na Folha de S.Paulo desta segunda-feira

Voto condicional em Luiz Inácio

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Votei por uma nova chance de reabrir espaços onde a esquerda, inclusive a que ficou no PT, possa influenciar em alguma medida o novo mandato presidencial
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FRANCISCO DE OLIVEIRA
ESPECIAL PARA A FOLHA

A "insustentável leveza" do meu voto em Luiz Inácio Lula da Silva poderá pregar-me uma peça, mas, de qualquer modo, o voto já foi dado, e como bem me lembrou meu amigo Renato Guimarães, o arrependimento só traz salvação na Igreja Católica.
O presidente já está reeleito, com as urnas confirmando apenas o que as pesquisas de intenção de voto já apontavam. Meu voto, assim, isoladamente, não terá sido o que o reelegeu, mas nem assim a minha responsabilidade é menor. Suas razões aparecem neste texto, escrito antes da eleição, a pedido da Folha, para ser publicado no domingo. Por motivos editoriais, fui informado ontem que ele sairia na segunda.
Votei em Luiz Inácio porque a urna eletrônica tinha apenas o seu nome e o do seu adversário, o já manjadíssimo e em derretimento "picolé de chuchu", segundo charge do Maringoni na "Carta Maior". Que, advirta-se, não é fascista, como muitos do PT se esmeraram em rotulá-lo, como se a rotulação fácil resolvesse o enigma de seus 40% de votos no primeiro turno.

Votei por uma nova chance de reabrir espaços onde a esquerda, inclusive e talvez principalmente a que ficou no PT, possa influenciar em alguma medida o novo mandato. Sou céptico a respeito. Não penso que a política econômica vá mudar; aposto apenas que, até por dever de demagogo, Luiz Inácio prometa que "o céu é o limite" e que as esquerdas e alguns dos principais movimentos sociais possam articular-se para pressionar seu governo.

É preciso criar problemas para o novo mandato, tornar o Bolsa Família incompatível com os superávits primários. Uma lição freqüentemente esquecida é que foram as políticas sociais que conduziram o capitalismo no êxito dos "Trinta anos gloriosos": sem o seguro-desemprego, sem as políticas anticíclicas da teorização keynesiana e também, infelizmente, sem o keynesianismo de guerra, o sistema capitalista teria sido levado à breca.

As esquerdas precisam aprender com o "pequeno grande sardo" Gramsci: a luta política no capitalismo é uma permanente "guerra de posições", e a pregação falsa de unidade acima de tudo somente serve para deixar os flancos abertos para as forças contrárias à transformação social. Assim, em certas conjunturas, a palavra de ordem pode ser "dividir para lutar melhor": foi o que uma parte não muito grande das esquerdas fez ao deixar o PT, entre as quais me incluo para melhor dar conta da complexidade da nova situação, muito acima da simplificação que os sectários fazem.
Estão comemorando com euforia de embriagados o governo cujo primeiro mandato finda-se agora; esqueceram tudo. Nada mais longe do que ocorreu: o primeiro mandato de Luiz Inácio foi um rotundo fracasso, em todos os sentidos.

Não me demorarei a mostrar com números, de que todo mundo anda farto. Mesmo na escala internacional dos "emergentes", o fracasso é mais que evidente. Nenhuma das grandes questões nacionais foi sequer tocada: não me venham com o Bolsa Família, que na verdade é uma reunião dos cacos de antigos programas, que vêm desde o "leite de Sarney" -sim, em política boi dá leite- passando por todos os tíquetes de FHC: Vale-Gás, Bolsa-Escola etc. Cujo inventor, da última modalidade, foi ninguém menos que Cristovam Buarque, quando governador.

O Bolsa Família, que minha ética cristã -como marxista, fui educado, como quase todos nós, na ética cristã, que é uma aquisição civilizatória- impede-me de olhar cinicamente, é uma confissão do fracasso, uma capitulação neoliberal, um reconhecimento de que não existe mais a nação, pois trata-se de um programa-limite, um programa de sobrevivência no dizer de um Agamben. É o programa do Homo Sacer, isto é, dos descartáveis.

Sem a pressão das esquerdas e dos movimentos populares, o segundo mandato pode transformar-se no neopopulismo da era da globalização. Não nos enganemos com as promessas falsas do progressismo: está aí na 30ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo o filme "Infância Roubada", título em português sobre a tragédia da África do Sul. O país, que conseguiu abater o apartheid, um dos regimes mais funestos de que se tem notícia no último século (mesmo se incluído no século do nazi-fascismo), levantando uma onda de otimismo mundial, sucumbiu frente ao neoliberalismo. Trata-se de uma dominação sem mediações: um acordo aparentemente civilizado, obra maior da política, que abriu as portas para uma exploração desenfreada, cujo retrato são as favelas de Johannesburgo, de Durban e da Cidade do Cabo: talvez, responda-me Dante, o último patamar do Inferno. Réplica de Heliópolis, Rocinha e todos os nossos casos.
Um acordo sem rupturas pode dar nisso: se Luiz Inácio governar sem a crítica contundente das esquerdas, e se esta não tiver a capacidade de fazê-lo mudar, podemos aguardar pelo último patamar. Este texto deveria ser para explicar por que votei em Luiz Inácio: está explicado. Votaria nulo, que considero ser também um voto político. Votei no nome do presidente, que, espero, se traduza em transformação. Com um pé atrás. Este artigo é também a continuação da crítica que fiz ao primeiro mandato e que continuarei no segundo.


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FRANCISCO DE OLIVEIRA, 72, professor titular aposentado de sociologia do departamento de sociologia da USP, é autor de, entre outros, "Crítica à Razão Dualista" (Boitempo)

Lula reeleito: que país teremos?

Eleição terminada, Lula reeleito: que país teremos? De uma coisa, tenho certeza: o fantasma da Opus Dei foi exorcizado. O fundamentalismo religioso e moral foi aplacado. A fúria neoliberal, privatizante, recebeu uma ducha de água fria. O discurso preconceituoso foi colocado novamente nos seus devidos lugares.

Dito isso, que fique claro: os argumentos acima de modo algum representam um “salve Lula”, um canto de louvou a alguém que subjugou uma trajetória de lutas progressistas pura e simplesmente para se manter no poder; de modo algum significa passar uma borracha nos atos de corrupção que vimos ao longo de quatro anos. Na eleição que terminou ontem, estava em jogo muito mais que a disputa entre situação e oposição. Havia sim uma disputa entre a possibilidade de um diálogo e uma brecha para levar o país para uma vertente um pouco mais progressista, com conquistas no campo dos direitos humanos, das ações afirmativas, da posição do Brasil no cenário internacional – ainda que não se possa esperar muito desse governo, é bom repetir – e a truculência quatrocentona, o ranço neoliberal em sua máxima instância. Estavam em jogo duas visões de mundo distintas, ainda que aparentemente ambas pudessem ser confundidas.

Agora, cabe a cobrança por parte da sociedade.

Cobrança para que, no segundo mandato, não tenhamos de ouvir a mesma cantilena, aquela que diz que é preciso árduo sacrifício da nação para pagar o superávit primário, reduzindo os recursos vitais para o desenvolvimento do país; para não assistirmos mais uma vez a um governo que se submete ao pensamento único, sem ao menos tentar dar um passo para um novo modelo de país.

A história só será diferente se as vozes progressistas pressionarem, não derem trégua. Será possível? Pode não dar certo. Mas pelo menos temos uma chance. Com Alckmin, certamente tudo estaria perdido.


Feitas minhas humildes considerações, passo a palavra para Francisco de Oliveira, sociólogo, cujo artigo publicado hoje na Folha de S.Paulo exprime bem o que eu e muitas outras pessoas pensam a respeito desta eleição. Para destacar melhor o texto, colocarei-o no próximo post.

Palavras de Cioran

"A vida só é tolerável pelo grau de mistificação que se coloca nela" (Cioran)



Fazendo coro ao que diz Nietzsche (veja o post "Temos a Arte para que a Verdade não nos destrua", publicado aqui dias atrás), Emil Michel Cioran também nos ajuda a refletir sobre o papel do indizível, daquilo que não se traduz verbalmente, daquilo que escapa ao real.

Rogério Duprat




Na imagem do alto, o maestro, em foto mais recente. Abaixo, na capa do lendário LP Tropicália ou Panis etc Circenses - marco do tropicalismo -, Duprat segura um penico.


Poucos movimentos estético-culturais marcam profundamente o imaginário de uma nação. O Tropicalismo foi um deles. Filhos do Modernismo, os tropicalistas reviraram do avesso concepções de um velho tempo. Repisaram paradigmas – estéticos, morais – para que dali florescesse uma nova identidade brasileira. Ou novas identidades, com toda a riqueza que a pluralidade de nossa herança cultural, multifacetada, colorida, pudesse proporcionar.

Provocou um país para ele se descobrisse por inteiro: em sua cafonice, em sua vocação para o paradoxo, no choque provocado pela industrialização abrupta,embora tardia.

Se Caetano, Gil, Torquato Neto, Tom Zé e Mutantes – e outros tantos –, lançaram a centelha, com propostas musicais inovadoras e uma atitude provocadora, o contorno estético da Tropicália não seria o mesmo sem, entre outros, o maestro Rogério Duprat.
Carioca que adotou São Paulo a partir da década de 1950, o maestro, que compôs trilhas para filmes de Walter Hugo Khouri (“A Ilha”, “Noite Vazia” e “Corpo Ardente”), foi o responsável direto pela sonoridade dos tropicalistas.

Duprat morreu na quinta-feira passada, depois de anos de reclusão forçada por conta de problemas de saúde.

Mas ainda sinto este país balançado por seus arranjos delirantemente perturbadores. Os ecos de Panis et Circenses ainda estão por aí...

Thursday, October 26, 2006

Disco voador em Brasília

Contribuição do amigo Márcio Zamboni - que hoje mora no Piauí -, sempre sintonizado com assuntos ufológicos.

Ele envia ao Ponto de Fuga um vídeo que foi postado no YouTube. A imagem mostra um OVNI sobrevoando Brasília (segundo informação de quem colocou o vídeo, claro, porque no céu não tem legenda).

É sugestivo o fato que os Visitantes estivessem sobrevoando Brasília. Talvez a região tenha sido escolhida porque lá, bem no buriburinho do poder, haja alguns espécimes peculiares que interessam sobremaneira a um estudo sobre os humanos.

Refeição no banheiro



Sente-se confortavelmente numa privada, reluzente e cheirosinha. Se quiser, pegue uma revista de variedades, enquanto espera o cardápio. Quando vier o garçom, peça aquela comidinha que dá água na boca, que será servida num belo mictório ou bidê, e coloque os copos numa banheira.
A cena pode parecer um tanto pitoresca, mas ela é vista com naturalidade em Shenzhen, na província de Guangdong, na China, onde foi aberto recentemente um restaurante decorado como um banheiro. Será que a moda pega por aqui?

Zé Ruela, a seu dispor




Elsa Penteado, minha amiga, envia uma colaboração no mínimo galhofeira.

Está circulando pela web uma matéria que informa a existência dele, sim, daquele ser quase onipresente, a quem todos recorrem quando querem homenagear um amigo com um sinônimo para a alcunha de Vacilão: o Zé Ruela.

Segundo a suposta matéria (vai saber se isso é verdade?), Zé Ruela é engenheiro e trabalha na Bacia de Campos.

Se não for verdade, pelo menos agora o Zé Ruela ganhou uma feição mais definida, como se pode se pode ver na foto acima.

E também resta saber se Zé Ruela é cumpadi do Um, Dois, Três de Oliveira Quatro.

Wednesday, October 25, 2006

Divulgue seu livro

Está no ar o Portal Cultura Livre, que surge com a proposta de divulgar livros independentes. Funciona da seguinte maneira: se você quer promover uma obra sua, basta enviar o material de divulgação por e-mail e pronto: vai para o ar. O serviço é grátis. Mas, como se trata de um projeto voluntário, toda ajuda é bem-vinda. Caso o internauta deseje, pode repassar uma pequena quantia obtida com as vendas efetuadas por meio do site. O porcentual sugerido é 5% ou 10% do valor do livro.

O Cultura Livre foi criado por Sylvio Carlos Machado Antunes, também escritor independente.

Monday, October 23, 2006

Fogo amigo: fala Afanásio Jazadji (PFL)

Contribuição do amigo Cláudio Camundongo, que envia um vídeo curioso que está saracoteando na internet.

Será que o Afanásio está saidinho porque ele já considera o representante do Pindamonhagaba cachorro morto na eleição? Será que o Geraldinho mexou no queijo no ex-candidato a cacique do pefelê? Ou será que o Afaná "magoou" porque a filha do Picolé de Chuchu não separou uns presentinhos da Daslu para ele? Entre cobras e largartos, o veneno respingou até na primeira dama.

FESTIVAL ANGELI

Crítica, deboche, tiração de sarro, tapa com (e sem) luvas de pelica. E boas risadas. Lá vai Angeli.



O Danç-êh-sá de Tom Zé



Sem palavras, mas com muitos discursos. Com gemidos e grunhidos, mas também com berros e murros em ponta de faca. Uma atitude – sonora, existencial, de palco – que implode idéias pré-fabricadas e ergue no lugar um monumento ao caos. A purificação da mediocridade.
É assim que soa aos meus ouvidos Danç-êh-sá – Dança dos Herdeiros de um Sacrifício, novo disco de Tom Zé, lançado de forma independente. Com esse trabalho, fica claro que, nas mãos desse artista baiano, até um panfleto se transforma em fina poesia – desconstrução para uma nova ebulição. Derrida?

Saí do show de Tom Zé no sábado – acabou de estrear a turnê, no Sesc Pinheiros, em São Paulo – extasiado e perplexo: como pode um músico soar tão original quando tudo parece já ter sido inventado, mastigado, copiado? Como pode ser capaz de estar à frente no tempo sendo, paradoxalmente, tão atual e antenado com nossos dias? Não sei, continuo aturdido com as pancadas sonoro-existenciais de Tom Zé. Afinal, ele explica para confundir, como escreve no livro Tropicalista – Lenta Luta (Publifolha), lançado concomitantemente ao disco.

É o próprio Tom Zé diz quem Danç-êh-sá é um disco sem palavras, mas com inúmeros discursos. Nasce da estupefação dele com os resultados de uma pesquisa da MTV que constata que os jovens de hoje não estão preocupados com o bem comum, a solidariedade, projetos coletivos, uma sociedade melhor, nada – assumem-se hedonistas, consumistas e egoístas. Por isso fez um disco cujas músicas não têm letra, assim “como acontece com a internet”, diz no show, não exatamente com essas palavras.
Embora a inexista o verbo no novo CD, as (des)canções de Tom Zé são petardos, quem sabe para ver se a juventude se sacode e sai do imobilismo. Como caminho para mudar esse cenário desalentador, ele propõe uma reflexão a partir de nossas raízes africanas, que forjaram a alma do povo brasileiro.

A esperança numa postura diferente por parte da juventude perante o mundo fica clara no encarte do CD: “... corro para a juventude com este cd cantado sem palavras. Aposto que a resposta dos jovens na pesquisa é provisória e berra um grito de socorro na cara dos formadores de opinião. Provisória, porque logo os antropólogos, jornalistas e cineastas se mobilizarão, concorrendo para que o ‘coração de estudante’ se engaje no projeto otimista que é ser o Negro que somos, herdeiros do sacrifício de várias nações africanas, cujo sangue depurou a arte e a religião de 3 Américas: vejam-se o samba e a Tropicália; ou o soul, o hip hop e o reggae.”

Embalados por uma miscelânea sonora que encanta e embaralha os ouvidos (vulcão movido a samplers, pick-ups, sanfonas e ritmos africanos), Tom Zé dispara mísseis contra o cheiro de podridão na política brasileira; o sabor do amargo do desencanto; a hipocrisia brega dos corredores da Daslu. Faz tudo isso com as vozes digitalizadas da era da “Globarbarização” – o termo veio dele, no show –, sem se esquecer do megafone. É o poder da linguagem à flor da pele

Ainda bem que temos Tom Zé.

Sunday, October 22, 2006

Veja o vídeo da cotovelada de Collor

O Karatê Kid de Alagoas está de volta. Depois de alguns anos em retiro espiritual, aperfeiçoando seus dotes marciais para novamente defender os descamisados contra os feios, sujos e malvados, Fernando Collor de Mello demonstrou que continua fiel aos ensinamentos do saudoso Senhor Miyagi.

Que o diga o repórter Rodrigo Asfora, da TV Jornal do Recife, retransmissora do SBT. Recentemente, enquanto cobria uma caminhada de Collor, perguntou se o ex-presidente esperava liderar as pesquisas para uma vaga ao Senado em tão pouco de campanha. Então Collor – que talvez, naquele dia, estivesse um tanto acabrunhado com os impropérios desferidos contra ele pela ex-mulher, Rosane, em templos evangélicos (sim, agora ela é uma serva do Senhor) – novamente exibiu aqueles olhões esbugalhados que o Brasil conhece e não esquece. O Lobo Mau preparava-se para o bote.

Com as bochechas ruborizadas, aquelas mesmas que foram regadas a muitos banhos de leite de aveia Davene, o velho Karatê Kid aristocrata mostrou que está em forma. Confira:


O vídeo está no YouTube e em outros sites, como o Kibe Loco. A matéria com mais detalhes da história pode ser lida no Comunique-se.

Wednesday, October 18, 2006

E assim falou F.W Nietzsche

"Temos a Arte para que a Verdade não nos destrua"

Jornada literária sobre Guimarães Rosa

Adentrar o universo de João Guimarães Rosa é sempre um prazer. Pois uma ótima oportunidade para tomar contato ou se aprofundar mais no universo roseano é a V Jornada de Literatura, promovida pela PUC-SP. Com o título “Guimarães Rosa pelas Veredas do Grande Sertão”, o encontro se propõe a refletir sobre a obra do escritor. A atividade conta com palestras, debates e apresentação teatral.

Quando: dia 21 de outubro
Horário: das 8h30 às 17h30
Onde: PUC, no campus Monte Alegre, São Paulo
Quanto: R$ 28 ( alunos e ex-alunos do latu sensu e da graduação da PUC-SP/Cogeae)
R$ 32 ( demais interessados)

Se quiser saber mais, acesse o site ou ligue para (11) 3670-3300.

Visita no blog

Veja que grata surpresa: Carlos Melo, do Língua de Trapo, visitou o Ponto de Fuga. Deixou um post.

Carlos, que o Língua ainda tenha muitas outras Conchetas pela frente!
Abraço e volte sempre.

Tuesday, October 17, 2006

Ode ao Língua de Trapo



(Pode não parecer, mas este ser sou eu)


(Dú Lima, Adeilton, Fábio Portela, eu e Conrado Corsalette, em show de Los Borginianos na Cásper Líbero, em 1997. Foto de Gustavo, o Gus)




Há algumas bandas que marcam nossa vida. São aquelas que nos edificam a alma, contribuem para o aperfeiçoamento espiritual, moral, elevam nosso ser a um nível de representação cósmica inigualável. Praticamente uma alfazema sonora.

Para mim, o Língua de Trapo representa tudo isso.E um pouco mais. Quem conhece Concheta que o diga. E tem outro motivo – bairrista, confesso – para uma defesa tão comovente dessa banda que já completou bodas de prata: eles são casperianos como eu.

Isso me faz lembrar uma banda que formei nos tempos da faculdade chamada Los Borginianos.

Me lembro de o Marcelo Coelho, da Folha de S.Paulo, na época meu professor, perguntar se o nome do grupo era uma homenagem a Jorge Luís Borges, o escritor – ele deve ter entendido Los Borgeanos ou algo do gênero. Imagino o desapontamento dele ao saber que o pupilo não chegara a tanto. Na verdade, o nome nasceu de uma bobagem entre amigos.

Dessa aventura, ficaram algumas fotos e dois shows. Um foi apoteótico, na Semana Cultural da Cásper. Colocamos nossos amigos para nos aplaudir e, depois de umas outras, ficou tudo resolvido (vejam o naipe dos meninos no alto desta mensagem).
O segundo, um desastre. Foi na USP, creio que na faculdade de Biologia. Vaias e gritos efusivos de “xô, sai pra lá”. E saímos.

É por essas e outras que não resisti e resolvi colocar aqui uma seqüência impagável de vídeos do Língua.

Divirtam-se. Ou não, né?

* Língua de Trapo -Ministro
Direção e edição: Louis Chilson
Concepção e roteiro: Laert Sarrumor
Atores: Tato Fischer, Nahame Casseb e Paulo Zaidan




* Bicho Grilo (gravado em show do Língua. O "bicho grilo" é o Laerte Vicente, holdie da banda que vivia perambulando pela boemia paulistana)



* Cagar é bom (essa é uma sincera homenagem a João Gilberto)



* Concheta (claro, não poderia faltar o grande hit)

Poesia cubana

Quem são os poetas cubanos e o que dizem? Uma ótima oportunidade para conhecer a resposta é o encontro Poesia Cubana – a Ilha e a Diáspora. Na ocasião, serão discutidos poetas como José Mario, Luis Rogelio Nogueras, Raúl Rivero, José Kozer e Pío Serrano, entre outros. Anote aí: está marcado para a terça-feira que vem, dia 24 de outubro, às 19h30, na Casa das Rosas. O endereço é avenida Paulista, 37, São Paulo. Entrada grátis.

Curso de filosofia com Marilena Chauí

Quem gosta de filosofia, prepare-se. A professora Marilena Chauí, livre-docente da USP, vai ministrar o curso “ A instituição da política em Espinosa”. No programa, questões como medo, esperança, guerra e paz; sujeito social, sujeito político: os conflitos. As aulas serão realizadas nos dias 10, 17 e 24 de novembro, das 20h às 22h, na editora Bregantini (Praça Santo Agostinho, nº 70, 10° andar - Paraíso, São Paulo). O valor é R$ 240 – sai por R$ 190 para professores e estudantes. As inscrições podem ser feitas por meio do site da Revista Cult .

O banqueiro e o assaltante



Essa é do Millôr Fernandes.

Apotegmas do vil metal


Vi o milionário saltar da limusine, caminhar tranqüilamente para dobrar a esquina e penetrar na mansão onde mora. Antes de dobrar, exatamente na dobra da esquina, e nas dobras da noite, lhe saiu um trintoitão na cara acompanhado da voz surda de um sujeito que ele mal viu por trás de galhos: "Passa tudo e não chia!"

Homem do mundo, acostumado aos azares e venturas da economia da vida, o rico banqueiro não se deixa assustar. Apenas aconselha: "Calma, amigo. Passo tudo e não chio, que não sou besta. E vou te dizer uma coisa, reconheço o teu valor - você faz o que pode para conseguir o que precisa.

Como me assalta deve saber quem sou, um banqueiro, um capitalista. Mas, curiosamente, não sabe quem é, pois aceita o vergonhoso epíteto de assaltante. E, no entanto, você é um capitalista igualzinho a mim. Só que, até agora, conseguiu capital apenas pra se estabelecer com um trinta e oito. Boa noite. Posso ir?

Thursday, October 12, 2006



Estou lendo Cibercultura, de Pierre Lévy. Elucidativo e inquietante, o livro é narrado com clareza e elegância. Vai aqui uma pequena dose para saborearmos coletivamente:

"O ciberespaço(que também chamarei de 'rede') é o novo meio de comunicação que surge com a interconexão mundial dos computadores. O termo especifica não apenas a infra-estrutura material da comunicação digital, mas também o universo oceânico de informações que ela abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse universo. Quanto ao neologismo ‘cibercultura’, especifica aqui o conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço"

Sabe aquele filme, O Segredo de Mountain Bike?

A história do método contraceptivo para gatas beseado na pimenta malagueta; a argentina dos trocadalhos involuntários (nessa daí tem uma mãe que achou um horror aquele filme, O Segredo de Mountain Bike); os nacos de conversas alheias na hora do almoço que rendem um história cabeluda regada a desvio de verba, traição e lágrimas de crocodilo.

O blog Guindaste tem tudo isso e um pouco mais. Trata-se de uma criação novinha em folha de Carolina Costa, minha amiga dos tempos de faculdade e depois minha editora, quando escrevia para a Revista Educação (Editora Segmento). Jornalista, Carol usa seu blog como um exercício permamente da palavra. Percebe-se em Guindaste uma tentativa saborosa de extrair do mundo que nos cerca, das situações mais triviais ou de lembranças afetivas, uma alegria de viver. Além disso, traz ótimas dicas de livros infantis.

Vá em frente, Carol!

Wednesday, October 11, 2006

Atenção para a Harmonica Rascals




Quando o assunto é gaita, a imagem que geralmente as pessoas têm é a de um exército de um homem só. Um outsider. O que muitos não sabem, infelizmente, é que há excelentes orquestras ou bandas de gaitas. Talvez o maior exemplo do Brasil seja a Orquestra Harmônicas de Curitiba, fundada em 1980 e na ativa até hoje. Outro exemplo é a Trupe da Gaita, também de Curitiba.

Certamente uma das grandes inspirações desses e de outros grupos é a Harmônica Rascals, banda só de gaitas formada na década de 1920 pelo gaitista nascido na Rússia Borrah Minevitch. Mas eles não eram uma simples banda. Faziam filmes, cuja tônica era o humor.

Conheça agora um pouco das estripulias de Borrah Minevitch, Jonny Puleo (um anão para lá de arretado) e cia limitada.

Monday, October 09, 2006

Som dia Dia nº6 - Miles Davis

Miles Davis, para começar bem a semana. So What.

Depoimento sobre o acidente com o avião da Gol

O jornalista Antônio Gois, da Folha, escreveu um valioso depoimento ontem na coluna do ombudsman. O sogro dele morreu no acidente com o avião da Gol, ocorrido na sexta-feira, dia 29. O desastre do vôo 1907 provocou a morte de 154 pessoas.
Vale a pena ler.

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São Paulo, domingo, 08 de outubro de 2006


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depoimento

"Uma lição para jamais esquecer"

O jornalista Antônio Gois, da Folha, viveu nos últimas dias o drama das famílias que perderam parentes ou amigos no desastre do vôo 1907. Entre os 154 passageiros mortos estava o seu sogro, Mauro Romano. Gois experimentou as dificuldades a que as pessoas aflitas são submetidas nessas horas para obter migalhas de informações e o desagradável, e às vezes agressivo, assédio da imprensa que busca informações e histórias.
Seu relato:




"Soube na noite de sexta-feira por minha mulher, a também jornalista Débora Thomé, que meu sogro estava no vôo 1907. Desde então, além da dor da tragédia, passamos a enfrentar o pior cenário possível para quem busca alguma informação: a escassez de notícias oficiais e o excesso de especulações por parte da imprensa e de algumas autoridades.
Essas especulações chegaram ao auge quando, no sábado, algumas emissoras de TV e sites de notícias informaram que haveria sobreviventes. As notícias eram creditadas ao secretário de Saúde do município onde o avião caiu e até a fontes da Infraero. Sabendo que não eram informações oficiais, eu e minha mulher tentávamos explicar ao resto da família que ainda era cedo para comemorar. Infelizmente, estávamos certos.
Desde o início da tragédia, ficou claro para mim também que às vezes nós, jornalistas, temos a mesma sensibilidade dos agentes funerários na hora da morte.
No saguão do aeroporto, enquanto esperava longamente por alguma confirmação por parte da Gol, fiquei separado de meus colegas jornalistas apenas por uma fita. Alguns deles corriam apressadamente em cima dos familiares com câmeras e flashes armados em busca de uma imagem. Outros, ainda que a distância, riam e brincavam entre eles, enquanto esperavam que algum familiar se dispusesse a falar.
Houve também quem, nos dias seguintes, ligasse insistentemente para a casa de minha sogra em busca de entrevistas, mesmo já tendo ouvido que a família não tinha condições de falar naquele momento.
Apesar disso tudo, continuo acreditando que o papel da imprensa nesse momento é importantíssimo. Tanto que muitos familiares procuravam voluntariamente os jornalistas para reclamar da falta de informações. No entanto, pude perceber, na prática, que nem sempre respeitamos alguns limites.
Desse episódio, tirei uma lição que nunca vou esquecer. Buscamos tanto a objetividade jornalística e o distanciamento crítico que, às vezes, acabamos também por perder a sensibilidade e, pior, o respeito ao drama de quem passa por uma tragédia como essa. Sem falar na busca acrítica pela informação exclusiva, que, num momento assim, pode só aumentar a angústia de quem está do outro lado."

Sunday, October 08, 2006

O Rei do Blues e velhas lembranças



É muito comum associarmos passagens de nossa vida a músicas que nos fizeram a cabeça em determinadas épocas. Comigo não é diferente. Pelo contrário: essa ligação é muito forte, e vai além da mera lembrança de uma canção específica – isso passa por livros, filmes e fotos também, mas isso é outra história; o papo aqui é música, mais especificamente blues. Pensando bem, o assunto vai além da música.

Pois eis que estou ouvindo BB King agora e uma avalanche de boas recordações monta uma espécie de longa-metragem desordenado em minha cabeça.

Sweet Sixteen, The Thrill Is Gone, Caledonia, Guess Who.

Ouvir blues me remonta a um tempo bom. Tempo em que participava de rádio comunitária, estudava gaita, ia quase toda semana a shows de blues e jazz em São Paulo. Os ecos do Mississipi e de New Orleans – sim, o jazz também, porque, afetiva e racionalmente, não vejo como separar pai e filho – acompanharam muitas das descobertas da vida: amorosas, profissionais, intelectuais, enfim, das relações humanas em toda a sua extensão.

Meu companheiro de audições bluseiras e jazzísticas era – e continua a ser – o Du Rocablu, também conhecido nas cercanias como Du Lima. Gaitista instintivo e talentoso, com ele aprendi a deixar o som da diatônica – a gaitinha que todos conhecem – correr solto na veia e no coração. Não, não aprendi a tocar bulhufas. Na verdade, sempre fui uma enganação. Mas tocar – ou tentar fazê-lo – e, principalmente, apreciar uma bela música embalada numa gaita me apresentou um outro lado da vida: mais alegre, embora com doses de melancolia em cada bend; poeticamente boêmio, sincero na maneira de sentir a vida.

E o BB King nessa história? Ele talvez seja o maior símbolo desse período intenso de minha vida, assim como certamente o é para milhares de pessoas.

* Dá última vez que ele veio ao Brasil, em 2004, não perdi tempo e comprei o ingresso logo no primeiro dia de venda. Fui sozinho ao show. E veja como são as coisas: estou marcando bobeira por ainda não ter comprado as entradas para o show que ele vai fazer aqui em São Paulo em dezembro. Muito dinheiro, preço exorbitante? Realmente é salgado. Mas quer saber? Vou agora ao Via Funchal comprar os ingressos. Sim, “ingressos”, no plural, porque desta vez terei companhia: minha mulher, Alê, cuja sensibilidade é imensa, vai adorar ver o Rei do Blues. Darei a ela um presente com sabor de blues.

Ai minha fatura do cartão de crédito...


Já que estamos falando no velhinho, aí vai. Com Eric Clapton e Phil Collins. The Thrill is gone.


Som dia nº 5 - The Blues Brothers





Resolvi revirar minhas lembranças do blues. E percebi que fazia tempo que não ouvia The Blues Brothers: Everybody needs somebody!

Saturday, October 07, 2006

Poesia urbana





Cenas da cidade, poética das ruas. O fotógrafo Alexandre Tokitaca mantém - ou mantinha, vai saber - uma barraquinha na Praça Benedito Calixto, na Vila Madalena, em São Paulo. Expõe suas fotos, conversa com as pessoas, revela um pouco mais de todos nós em belas imagens. Quem sabe uma hora dessas você, se estiver perambulando por São Paulo, não depara com ele por aí?

Blog legal

Na Grande Rede, está tudo aí: milhões de células flutuando na onda cibernética. Por isso uma ajudinha para encontrar endereços interessantes sempre cai bem. Vai a dica: acessem o Bloganvile, do meu amigo Márcio Dal Rio.

Vale a pena: clique aqui

E a Cicarelli, hein?


Saiu na Folha de S.Paulo de hoje, na coluna do Daniel Castro: Daniela Cicarelli recebeu proposta da Record para apresentar um programa de variedades e namoro. Ela ainda não respondeu. Que coisa curiosa é o showbizz, não? O que em tese poderia causar uma série de problemas ( perda de contratos de publicidade, danos à imagem etc), foi a senha para impulsionar ainda mais uma carreira - dias atrás ela foi a sensação do VMB (Video Music Brasil), da MTV, que deitou e rolou no sucesso do vídeo que varreu a internet.

Por falar nas cenas picantes de Cicarelli com o namorado, recomendo a leitura de um artigo de Gilberto Alves Jr., sócio diretor da Desta.ca, empresa de web 2.0. O texto foi publicado no site Webinsider. Eis o texto:



Mídia interativa - Comportamento - Web 2.0

O que o vídeo com Daniela Cicarelli tem a nos dizer

21 de setembro de 2006, 21:09

Quando se dá poder aos usuários, é difícil tirá-lo. Não adiantou os moderadores do YouTube tirarem os primeiros vídeos postados porque dezenas de outros foram adicionados em seguida.

Por Gilberto Alves Jr.

Eu vi o vídeo da Cicarelli na praia com o namorado. Quem não viu? Começou com apenas uns beijinhos, destes inocentes. No início eu pensava que talvez o vídeo não fosse pior do que uma cena de novela, daquelas que vão ao ar antes das 11 da noite.

Mas a coisa foi esquentando, os amassos entre a Cicarelli e o seu namorado Tato foram ficando mais picantes até que o vídeo virou praticamente um filme erótico, cru, sem a glamourização dos filmes profissionais, mas com um aspecto voyeur que fez a internet brasileira se arrepiar.

Uma internet, uma comunidade

O primeiro fato que chama atenção neste caso é a existência da internet como unidade, como uma comunidade coesa de pessoas. Poderíamos dizer que a internet brasileira toda viu o vídeo da Cicarelli?

É interessante pensar que existe uma internet brasileira, uma comunidade que está unida pelos cordões umbilicais que são os blogs, as comunidades no orkut, os e-mails, os messengers, os chats, etc., e que um conteúdo muito interessante será visto por toda essa comunidade, ou pelo menos boa parte dela.

Não tenho métricas sobre o vídeo da Cicarelli, mas sei que quatro entre as cinco notícias mais lidas ontem no site da Folha de São Paulo eram sobre esse assunto.

Marketing de comunidade


Para entender o que é o marketing viral, em vez de olhar a coisa pelo ponto de vista de propagação da informação, talvez seja melhor entender o fenômeno social que leva a informação a ser propagada tão rapidamente. Vendo assim, chamaríamos isso de marketing de comunidade, em vez de marketing viral.

O marketing de comunidade transcende um pouco a idéia do viral. Além de ser uma estratégia de comunicação na qual a mensagem deve ser distribuída livremente pelos usuários, leva em consideração que a internet é uma comunidade, ou uma comunidade de comunidades. Então o campo de ação passa a ser mais amplo.

Entender as comunidades que existem na web e como elas reagem e interagem é muito mais importante para uma ação que pretende ser “viral” do que apenas reconhecer o fato de que a propagação da mensagem será exponencial (daí o nome viral, porque o vírus também se propaga assim).

Isso significa entender do que as pessoas realmente gostam e dar poder à comunidade, para que ela interaja entre si em torno da marca. O fator social, antropológico mesmo, em relação à forma como as pessoas se relacionam e se comportam na internet é fundamental para esta nova geração da comunicação.

Aquele que aprender a controlar o efeito Cicarelli, o modo como a comunidade interage entre si e em relação ao conteúdo e as marcas será o mestre desta nova era da comunicação.

Voltando à Cicarelli: sobre o conteúdo (e que conteúdo!)

O efeito Cicarelli também nos faz pensar sobre o conteúdo na web 2.0. Quando você dá poder aos usuários, é difícil tirá-lo. Não adiantou os supostos moderadores do YouTube tirarem os primeiros vídeos postados porque dezenas de outros foram postados e vistos centenas (se não milhares) de vezes antes que o moderador pudesse barrar.

Se os vídeos precisassem ser pré-aprovados, não haveria YouTube, porque seria impossível moderar tantos vídeos. Por outro lado, se o próprio usuário faz, modera e classifica o conteúdo, como acontece em tantos sites web 2.0, será impossível conter um tsunami como foi este vídeo da Cicarelli, por mais condenável, anti-ético e contra os termos de uso que seja.

Este é um risco que a nova internet irá correr, porque no meio de um monte de gente legal sempre tem um bobão que vai fazer algo que não era exatamente o propósito original do site.

Mas nós continuamos crendo na doutrina do Sr. Linus, que rege a comunidade de software livre: se muita gente está olhando, todos os erros serão corrigidos. Sempre haverá muito mais gente para barrar o conteúdo inapropriado do que pessoas postando este tipo de coisa.

Assim, entender, controlar, e suprir as necessidades das comunidades, de diversas formas e para diversos propósitos me parece ser a galinha dos ovos de ouro desta nova geração. [Webinsider]

Som do Dia nº4 -David Bowie



David Bowie: está um cara de quem gosto muito. Ouvir Ziggy Stardust hoje me fez bem.

Friday, October 06, 2006

Som do Dia nº 3-Joy Division



Como está ficando claro, a cada dia postarei um som. A bola da vez é o Joy Division.


Thursday, October 05, 2006

Som do Dia nº 2 - Salário Mínimo




Acordei heavy metal hoje. Não sei explicar, mas estou ligado no 220 hoje. Creio que por ter muito trabalho.
Portanto, o som de hoje é do Salário Mínimo, banda de heavy metal nacional criada no final da década de 70. Depois de um tempo desativada, retornou há poucos anos – tocou no Rock In Brazil Festival, realizado em São Paulo em setembro. Adrenalina pura.

Os “highlanders” de plantão vão gostar – os que curtem rock pesado, claro. Quem nunca ouviu, está aí a oportunidade. Se não gostar, pelo menos serve para espantar a preguiça pós-almoço.

Para saber mais sobre a banda clique aqui e aqui


Numa breve pesquisa na web encontrei a faixa Dama da Noite. Lá vai:


Wednesday, October 04, 2006

Crônica de um país degradado - sobre as eleições


“Simbolicamente, para meus olhos, a escola em que estudei é o reflexo de um país em processo de deterioração: país de escândalos políticos, corrupção, decadência moral, agressão aos valores humanistas. A visão da Escola degradada é o espelho de um Brasil violentado



Clayton Melo

Dia de eleição significava para mim, em outros tempos, uma ocasião para renovar esperanças. No mínimo, para dar mais alguns passos para construir um país mais justo. Não que acreditasse que com apenas um voto tudo pudesse ser resolvido ou que meu papel de cidadão se encerrasse nas urnas. Muito pelo contrário. Sempre entendi o voto como um mecanismo importante, mas somente uma das formas de o cidadão se posicionar perante os rumos da sociedade.

Hoje, eleição deixa um gosto amargo na boca – especialmente a que se realizou no dia 2 de outubro de 2006.

Afora todas as considerações de ordem política, no entanto, dia de eleição tem para mim um sentido afetivo: é o dia em que, para votar, retorno à escola em que estudei durante praticamente todos os anos de minha vida escolar e que me relembra histórias de um tempo bom.

Só que essa visita agora também me deixa um gosto azedo: ambiente sujo, descuidado, paredes descascadas, cenário decrépito. Não escapa nem quadra em que fazia gols e sonhava ser um craque. Mal se vêem os riscos que delimitam o espaço de jogo. A linha do gol é um traço imaginário.

Coincidência?

Simbolicamente, para meus olhos, a escola em que estudei é o reflexo de um país em processo de deterioração: país de escândalos políticos, corrupção, decadência moral, agressão aos valores humanistas. A visão da Escola degradada é o espelho de um Brasil violentado.

Mas meu coração vagabundo teima em ver luz no fim do túnel. Que túnel?

Obs: a escola em que estudei se chama Martins Pena, é estadual, fica na Cidade Ademar, em São Paulo, e um dia teve uma coisa maravilhosa chamada Grêmio Livre Ernesto Che Guevara. Outro dia conto esta história, que marcou a vida de um montão de gente.

Ai se a moda pega



* modelo igual ao carro "comprado" pelo pimpolho

Que a geração digital é capaz de coisas das quais até Deus duvida, todos sabemos. Se em outros tempos um pestinha poderia virar a casa de ponta cabeça num descuido da mãe, agora, na era da internet, o clique é mais embaixo.

Veja o que aconteceu na Inglaterra recentemente, como noticiou a imprensa. Um garotinho de três anos – veja bem, três anos – comprou um carro pela internet! Jack Neal – esse é o nome da fera – resolveu flanar na rede enquanto mãe foi dava uma arejadinha nas idéias. Depois de alguns cliques, bingo: negócio fechado. Detalhe: o veículo, um Nissan Figaro, na cor rosa - custou o equivalente a 9 mil libras, segundo notícias publicadas pela imprensa.

Segundo seus pais Rachel e John, a peraltice só foi descoberta quando eles receberam um e-mail de confirmação do site de leilões dando os parabéns pela aquisição do carro. Ao que tudo indica Jack conseguiu passar por todas as etapas de oferta e negociação no site, que deve havia registrado as informações de cadastro de sua mãe.

A progenitora do garoto-prodígio explicou que a façanha ocorreu porque ela deixou no computador a senha para acesso no site eBay, de leilões virtuais. The Little Jack então clicou o ícone "comprar agora". "Jack é muito esperto para usar o computador. Ele apertou todos os botões certos", declarou Rachel Neal, orgulhosa e aliviada. Sim, aliviada porque o homem que oferecia o carro era um misericordioso revendedor. "Por sorte, ele viu o lado engraçado da coisa e cancelou a compra", disse Rache. Ai se a moda pega...

Som do Dia nº 1- Lou Reed


Uma pausa de alguns minutos no trabalho. Com Lou Reed.

Olhe para a lente da verdade

Tuesday, October 03, 2006

Sunday, October 01, 2006

Software Livre

Uma das principais questões da atualidade no campo digital é a adoção do software livre, que permite ao usuário executar, distribuir, modificar e repassar as alterações sem necessidade de pedir permissão para o autor do programa. Exclui o pagamento de licenças. Um dos principais responsáveis pelo assunto entrar na pauta do País é um cara chamado Sérgio Amadeu. Sociólogo, doutor em Ciência Política pela USP e ex-presidente do ITI (Instituto Nacional de Tecnologia da Informação) , ele foi meu professor há um bocado de anos na Faculdade Cásper Líbero. Já nos conhecíamos de antes, mas foi ali que nasceu de fato uma amizade entre nós. Camarada dos bons. Se hoje ele é uma das referências quando o assunto é sociedade da informação, é preciso dizer que seu envolvimento com o tema vem de longe . Para dar uma idéia, quando os sites de jornais e revistas se restringiam a transpor para a internet o conteúdo publicado no impresso - sem a devida adequação ou produção de conteúdo próprio para a web -, ele montou um grupo de pesquisa na faculdade para analisar a atuação da grande imprensa no novo meio que havia acabado de nascer. Tive a oportunidade de participar desse grupo. Muitos alunos se iniciaram em questões como sociedade da informação a partir dele. Em 2002, participei do Toda Esta Gente, livro idealizado pelo Governo Eletrônico da Prefeitura de São Paulo - órgão implantado por ele e que abriu telecentros na periferia da cidade. Gostei muito dessa experiência. De la para cá, acompanho - mesmo que a distância em muitos momentos - sua luta pela inclusão digital.

A entrevista abaixo foi publicada na revista Caros Amigos de setembro (http://carosamigos.terra.com.br)

RECEITA DE AUTONOMIA

O software livre e a luta pelo compartilhamento do conhecimento humano

Por Bruno Terribas


Sérgio Amadeu da Silveira atualmente coordena a ONG Rede Livre de Compartilhamento da Cultura Digital, que forma e capacita jovens para darem suporte aos cidadãos que queiram usar software livre ou de código aberto. Nesta entrevista ele explica que o usuário residencial não costuma usar software livre, nem pagar pela licença do software proprietário. O usuário residencial costuma, isso sim, usar uma cópia pirata do software proprietário – mas mesmo assim fica tecnicamente dependente da multinacional proprietária. Também nega Sérgio Amadeu que o domínio do software livre capacite menos para empregos do que o do software proprietário. Doutor em ciência política pela Universidade de São Paulo, Amadeu implantou e coordenou o Governo Eletrônico da Prefeitura Municipal de São Paulo, de 2001 até janeiro de 2003, período em que formulou e executou o plano de inclusão digital por meio de telecentros nas áreas mais carentes do município. Durante o governo Lula, foi diretor-presidente do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI) do início de 2003 até agosto de 2005, além de coordenador do Comitê Técnico de Implementação de Software Livre no governo federal. É professor do curso de pós-graduação na Faculdade Cásper Líbero.

Qual tem sido seu principal projeto atualmente?

O projeto em que nós, da Rede Livre, estamos mais empenhados agora é formar um conjunto de jovens para dar suporte em software livre para cidadãos, usuários que a gente chama de residenciais, com objetivo de disseminar o uso de softwares livres pelas pessoas no seu dia-a-dia, porque a maior parte dos usuários residenciais é atendida pela chamada rede “ pirata ”. Quando surge algum problema no computador, eles chamam um técnico para consertar a máquina, configurar o computador e, ao mesmo tempo, instalar um conjunto de softwares “ piratas ” – não autorizados –, e essa pirataria, por incrível que pareça, é extremamente funcional para a manutenção do software proprietário. Ao usar um software não autorizado, de que você não tem licença para utilizar, está na verdade continuando a usar um software do monopólio de sistemas operacionais. Você continua a ser uma pessoa que usa aqueles formatos proprietários de arquivo, dentro do chamado ecossistema do software proprietário. A pirataria é extremamente funcional em manter uma base de usuários.As empresas vêm exigindo cada vez mais conhecimentos de softwares específicos, na maioria das vezes proprietários.Em geral, o próprio cara que está fazendo a entrevista com o candidato ao emprego não sabe exatamente que existem alternativas. Em vez de falar editor de texto, ele fala o nome do produto da Microsoft. Se você aprendeu a usar o Open Office – o conjunto de softwares livres que a gente tem para editor de texto, planilha de cálculo e fazer apresentações –, tem muito mais facilidade de usar não só aquele software, mas também os softwares proprietários. Porque em geral as pessoas que aprendem informática a partir de soluções livres costumam aprender dentro de uma diversidade de opções ; enquanto as que lidam com as soluções proprietárias aprendem as funcionalidades de um determinado software e não são adestradas para manejar outros softwares.

Como isso se dá na prática?

Quando eu estava em São Paulo, na gestão da Marta Suplicy, havia uma idéia segundo a qual os chamados governos eletrônicos, os que colocam serviços, informações na Internet – on-line – para que possam ser na verdade úteis para o conjunto da sociedade, têm que chegar aos estratos mais pobres, porque senão quem é da elite e tem computador em casa é melhor atendido do que quem mais precisa e está na periferia. Só que na periferia não tinha computadores, as pessoas não têm renda para manter uma conexão. Nós montamos uma rede de telecentros na periferia, onde as pessoas tinham acesso gratuito à Internet. Elas aprendiam em cima de soluções livres GNU /Linux, aprendiam Open Office, navegador Mozilla, e tivemos um sucesso tremendo. Muitos jovens aprenderam a usar esses softwares livres nos telecentros – exatamente por esse software ser livre e vir com o código-fonte – e alguns deles, que tinham talento, passaram a colaborar com o desenvolvimento desses softwares e deixaram a condição de usuários para entrar na de programador.

O software livre seria então uma questão filosófica e até libertária?

Sem dúvida. O bloqueio do conhecimento interessa a poucos, que querem manter os fluxos de riqueza. A idéia de que o conhecimento é livre é a base do software livre. O modelo usado para fazer o software livre passou a ser usado para fazer uma enciclopédia, a Wikipedia, que é hoje certamente a maior do mundo e se inspirou na idéia de compartilhamento de códigos do software livre. E não é um movimento só técnico. É social, cultural, e coloca a idéia de que o conhecimento tem que ser livre. O problema é que, numa sociedade onde os bens imateriais, os bens simbólicos, as informações adquirem importância econômica gigantesca, nunca foi tão fácil compartilhar conhecimento. E nunca foi tão difícil superar as barreiras impostas pelos grupos econômicos que querem manter o mundo na divisão obtida na velha economia industrial. Pretende-se impedir que as pessoas, que os povos se desenvolvam. A humanidade estava produzindo cada vez mais obras culturais e o número de obras que entra para bens públicos estava diminuindo, porque o que está acontecendo hoje é uma pressão enorme para endurecer a legislação, para estender os prazos da lei de copyright, tentar ampliar e patentear tudo o que for possível. Qual foi a importância de implantar o software livre na prefeitura de São Paulo? O software livre permite conhecer o que você está usando, reduzir custo, porque não se baseia no pagamento de licenças. As vantagens são totais. Qual era nossa dificuldade? Era montar uma equipe de suporte, porque seriam vários telecentros. Montamos, com um técnico que conhecia bem software livre, Linux principalmente, e ele passou a treinar as outras pessoas e também chamamos pessoas que sabiam. O custo de suporte acabou sendo muito pequeno, era uma equipe nossa, e o que deixamos de gastar com licenças foi uma coisa enorme. E chegamos a ter 500.000 usuários. Hoje, todo esse pessoal está contratado, trabalhando para grandes empresas. Porque tem uma demanda enorme para software livre. E a possibilidade de profissionalização é muito maior no software livre do que no mundo do software proprietário. Bruno Terribas é estudante de jornalismo. ************************************************************************************************* Alguns links sobre o assunto: Blog do Sérgio Amadeu: http://samadeu.blogspot.com/

Universidade Federal da Bahia: http://twiki.im.ufba.br/bin/view/PSL/OQueESL

Universidade Metodista: http://www.ime.usp.br/~cgmac/bccnews/softwarelivre.html

Sobre a inclusão digital

Clayton Melo

Que o Brasil sofre de inúmeras mazelas sociais não é novidade. Também sabemos de cor e salteado – ou deveríamos ter consciência disso – que o fosso que separa os incluídos dos excluídos é uma das principais razões para o acirramento da tensão social, mais visível nos grandes centros urbanos, embora não exclusivo dessas regiões.
Nesse contexto, onde se insere a inclusão digital? Qual seu papel na construção de um país? Modestamente e sem grandes pretensões, gostaria de refletir a respeito.
Sem dúvida a inclusão digital é fundamental.
Até aí, muitos podem concordar, mas invariavelmente surgirá alguém a dizer que, antes de dar computador e acesso à rede, deve-se trabalhar para que a população tenha casa, comida e roupa lavada – enfim, todas aquelas coisas a que todos têm direito e, sem as quais, não se vive dignamente. Só depois de prover tudo isso é que se poderia pensar na tão fala inclusão digital.
Além disso, é comum ouvir o argumento de que a penetração da web é baixa. Logo, não é tão relevante.

Discordo.
Para começo de conversa, recorro a Pierre Lévy. No livro “Cibercultura”, ele rebate argumentos que minimizam a relevância da cibercultura em razão da baixa inserção da internet no conjunto da população mundial – o contexto em que a análise do filósofo foi exposta é um pouco mais amplo do que o tema diretamente abordado aqui, mas o raciocínio também vale. Escreve Lévy:
– Ainda que apenas um quarto da população da humanidade tenha acesso ao telefone, isso não constitui um argumento “contra” ele. Por isso não vejo por que a exploração econômica da internet ou o fato de que atualmente nem todos têm acesso a ela constituiriam, por si mesmos, uma condenação da cibercultura ou nos impediriam de pensá-la de qualquer forma que não a crítica.


Em favor da inclusão digital, deve-se dizer que ela anda de mãos dadas com o desenvolvimento social. Essas questões estão intimamente interligadas e fazem parte do mesmo contexto: a inclusão digital pode ser entendida como uma das facetas da inclusão social. Não vejo como – no atual estágio do mundo globalizado, em que todas as relações na sociedade passam inexoravelmente pela mediação do digital – exercer a cidadania sem estar inserido na grande rede em que se tornou o mundo.
A participação política, por exemplo, não pode mais prescindir da internet. É um campo de atuação, seja ela de que natureza, consolidado. Como diz Pierre Lévy (veja post anterior), a internet permite ao cidadão ter maior vigilância sobre ações governamentais:

– A longo prazo, é possível que o uso da internet conduza a uma renovação da democracia participativa local e a formas de governo mundial mais eficazes do que as atuais. Evidentemente, nada disso acontecerá sem um comprometimento ativo dos cidadãos. A tecnologia se limita a abrir possibilidades. Somente a atuação das pessoas permite que elas se realizem bem. Já hoje as ''cidades digitais'' que reforçam os elos sociais e políticos dos cidadãos do mesmo aglomerado alcançam algum sucesso. Cada vez mais há governos que prestam serviços administrativos por intermédio da internet. Também vemos cada vez mais movimentos políticos se organizando de maneira ágil, eficaz e pouco dispendiosa através da Grande Rede.



Assim, como se pode pensar um país mais justo socialmente sem trabalhar para que toda a população esteja inserida nesse novo e importante campo de atuação política e social? Em termos mais práticos, entre tantos outros que poderíamos listar: ser um excluído digital quer dizer ter espaço cada vez mais reduzido no mercado de trabalho. Veja o que diz Antonio Mendes da Silva Filho, doutor em Ciência da Computação pela Universidade Federal de Pernambuco, no artigo “Os três pilares da inclusão digital”:
– A exclusão sócio-econômica desencadeia a exclusão digital ao mesmo tempo em que a exclusão digital aprofunda a exclusão sócio-econômica. A inclusão digital deveria ser fruto de uma política pública com destinação orçamentária a fim de que ações promovam a inclusão e equiparação de oportunidades a todos os cidadãos. Neste contexto, é preciso levar em conta indivíduos com baixa escolaridade, baixa renda, com limitações físicas e idosos. Uma ação prioritária deveria ser voltada às crianças e jovens, pois constituem a próxima geração.

Mais adiante ele escreve:

– Um parceiro importante à inclusão digital é a educação. A inclusão digital deve ser parte do processo de ensino de forma a promover a educação continuada. Note que educação é um processo e a inclusão digital é elemento essencial desse processo. Embora a ação governamental seja de suma importância, ela deve ter a participação de toda sociedade face a necessidade premente que se tem de acesso a educação e redistribuição de renda permitindo assim acesso as TIC’s (tecnologias de informação e comunicação).
Como se pode ver, não pode pensar uma coisa em detrimento da outra. Tenho esperanças que o Brasil vá conseguir vencer a exclusão digital.

* O artigo de Antonio Mendes da Silva Filho está disponível no endereço http://www.espacoacademico.com.br/024/24amsf.htm

Blog de ciberjornalismo

Nas minhas perambulações pela internet, descobri um blog cuja leitura vale a pena. É o de Daniela Bertocchi, jornalista brasileira formada em 1997 pela Universidade Metodista de São Paulo (Umesp) e mestranda em Ciências da Comunicação na Universidade do Minho (UM), em Braga, Portugal, onde também dá aulas de Ciberjornalismo.

O blog traz artigos sobre ciberjornalismo, comunicação, cibercultura etc.

O endereço: http://www.bertocchi.info.