Monday, October 30, 2006

Lula reeleito: que país teremos?

Eleição terminada, Lula reeleito: que país teremos? De uma coisa, tenho certeza: o fantasma da Opus Dei foi exorcizado. O fundamentalismo religioso e moral foi aplacado. A fúria neoliberal, privatizante, recebeu uma ducha de água fria. O discurso preconceituoso foi colocado novamente nos seus devidos lugares.

Dito isso, que fique claro: os argumentos acima de modo algum representam um “salve Lula”, um canto de louvou a alguém que subjugou uma trajetória de lutas progressistas pura e simplesmente para se manter no poder; de modo algum significa passar uma borracha nos atos de corrupção que vimos ao longo de quatro anos. Na eleição que terminou ontem, estava em jogo muito mais que a disputa entre situação e oposição. Havia sim uma disputa entre a possibilidade de um diálogo e uma brecha para levar o país para uma vertente um pouco mais progressista, com conquistas no campo dos direitos humanos, das ações afirmativas, da posição do Brasil no cenário internacional – ainda que não se possa esperar muito desse governo, é bom repetir – e a truculência quatrocentona, o ranço neoliberal em sua máxima instância. Estavam em jogo duas visões de mundo distintas, ainda que aparentemente ambas pudessem ser confundidas.

Agora, cabe a cobrança por parte da sociedade.

Cobrança para que, no segundo mandato, não tenhamos de ouvir a mesma cantilena, aquela que diz que é preciso árduo sacrifício da nação para pagar o superávit primário, reduzindo os recursos vitais para o desenvolvimento do país; para não assistirmos mais uma vez a um governo que se submete ao pensamento único, sem ao menos tentar dar um passo para um novo modelo de país.

A história só será diferente se as vozes progressistas pressionarem, não derem trégua. Será possível? Pode não dar certo. Mas pelo menos temos uma chance. Com Alckmin, certamente tudo estaria perdido.


Feitas minhas humildes considerações, passo a palavra para Francisco de Oliveira, sociólogo, cujo artigo publicado hoje na Folha de S.Paulo exprime bem o que eu e muitas outras pessoas pensam a respeito desta eleição. Para destacar melhor o texto, colocarei-o no próximo post.

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